As lágrimas contidas desde o início da solenidade de Colação de Grau Virtual, realizada na última quinta-feira (08), vieram à tona quando Fabíola Maria Dantas ouviu seu nome ser anunciado, durante a transmissão da cerimônia, como laureada pelo bom desempenho ao longo do curso de Licenciatura em Letras a distância pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) no polo de Caicó.

Essa não era a primeira vez que Fabíola Dantas havia recebido a láurea acadêmica. Quando concluiu o curso presencial de Pedagogia, há 16 anos, ela também recebeu esse reconhecimento. Mas o sonho de cursar Letras e a paixão pela Língua Portuguesa permaneciam vivos: “não havia o curso de Letras, naquele tempo, no CERES, então, cursei Pedagogia, já que também trabalhava com crianças e me sentia convocada pela Educação”.

A família formada por professoras representava um incentivo a mais para perseguir esse objetivo. Aos 19 anos de idade, com uma filha pequena para criar, ela começou a trabalhar em uma escola com turmas infantis. A rotina escolar e o ingresso no ambiente acadêmico só reforçaram a certeza de que ela deveria perseguir sua meta. Após a conclusão de duas especializações e aos 42 anos de idade, ela pôde dizer: “sou licenciada em Letras a distância pela UFRN”.

Segundo Fabíola, chegar até o fim do curso não foi nada fácil, foram finais de semana e período noturno totalmente dedicados ao curso: “digo sempre que a paixão pela Literatura me fez prosseguir sem fardos, já com três filhas e uma jornada dupla como servidora pública em duas escolas, enfrentei o vestibular para ver se conseguiria lograr êxito e eis que consegui”.

Em meio à pandemia da covid-19 e à conclusão do curso de Letras EaD no polo de Caicó, Fabíola Dantas encontrou tempo para se submeter ao processo seletivo do mestrado em Educação, na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), e foi aprovada. Foi aí que ela se viu obrigada a trancar o curso de Letras, mas foi estimulada pela equipe do Polo de Apoio Presencial em Caicó a continuar e deu certo.

Ao falar da láurea acadêmica, ela não conteve, mais uma vez, a emoção: “essa premiação, para mim, é valiosa, não pela vaidade, mas para exemplificar às minhas filhas que é possível conciliar a vida de mulher, dona de casa, profissional, mãe e estudante em uma sociedade machista, patriarcal e injusta, principalmente com as maiorias menorizadas”.

Bruno Cássio – Setor de Mídias da SEDIS/UFRN.